Der Leone have sept cabeças, França/Brasil/Itália, 1970, Drama, 104 min
Direção: Glauber Rocha
Elenco: Rada Rassimov, Giulio Brogi, Gabriele Tinti, Jean-Pierre Léaud
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 ANOS
Contém: Nudez e Violência
Áudio original em francês, legendas em português
Sem sacrifício nada pode contra o Imperialismo! Porém, quanto sacrifício deve o povo fazer para obter liberdade? Afinal, é absolutamente necessário que o bom senso triunfe! O Leão de Sete Cabeças, por Glauber Rocha, conta a história multifacetada da dominação, exploração e libertação africana de forma alegórica, pela lente de um caleidoscópio.
Mesmo com a narrativa não linear (presente até no título original que mistura alemão, italiano, inglês, francês e português), quase em transe, típica da filmografia de Glauber Rocha, a mensagem revolucionária é bem clara, pelas palavras do próprio diretor: “é uma história geral do colonialismo euro-americano na África, uma epopeia africana, preocupada em pensar do ponto de vista do homem do Terceiro Mundo, por oposição aos filmes comerciais que tratam de safáris, ao tipo de concepção dos brancos em relação àquele continente”.
A atuação é teatral, além de brincar no intermediário entre coreográfico e espontâneo, a música propositalmente cacofônica e a fotografia em momentos parece inspirada em sonhos, sem medo de acompanhar o passo irregular da narrativa, tudo isso atua em conjunto para contar a história como mitológica, onde os personagens são elevados a representar não os estereótipos das instituições que participam mas sim as próprias instituições, assim somos apresentados às sete cabeças do leão imperialista, e convidados a observar a interação feral entre elas, o guerrilheiro latino-americano e a população local da República do Congo.
Apesar de não tão famoso quanto Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) ou Terra em Transe (1967), clássicos do Cinema Novo pelo mesmo diretor, trata-se do primeiro filme realizado por ele em exílio e uma excelente e marcante introdução ao universo político do cinema brasileiro, quase que em oposição ao cinema tradicional Hollywoodiano.
Vinícius Marcatti