Trois couleurs: Bleu, França/Polônia/Suíça, 1993, Drama, 94 minutos
Direção: Krzysztof Kieslowski
Elenco: Juliette Binoche, Benoít Régent, Floence Pernel, Charlotte Very, Hugues Quester
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 ANOS
Contém: Relação Íntima, Violência
Áudio original em francês, legendas em português
Julie sofre um trágico acidente de carro, em que seu marido, Patrice, renomado compositor e maestro, e sua filha, de 5 anos, não sobrevivem. A partir disso, o espectador acompanha o processo de luto da protagonista, que passa longe de ser convencional: ela não usa preto, não acende velas, não roga a Deus, não chora e não se lamenta. No entanto, tem urgência em superar seu processo de luto, e, para ela, isso só será possível quando conquistar sua liberdade, ou seja, estiver presa a absolutamente nada.
A princípio, a liberdade, para Julie, está em renunciar a tudo o que havia conquistado, a tudo que pudesse lembrá-la de quem ela era antes de perder sua família, e recomeçar como uma estranha, inclusive para si mesma, em um lugar onde ninguém a conhece e longe de qualquer vivência que possa despertar sentimentos que ela já tenha experimentado antes, na tentativa de viver inerte.
A música tem um peso imenso na construção da trama. Antes de morrer, Patrice deixa um concerto inacabado. O espectador entende que Julie era a responsável por escrever as partituras de seu marido. Parte delas estava escrita em um documento deixado por Patrice; o restante, existia apenas na cabeça da protagonista.
Enquanto Julie busca livrar-se de quaisquer lembranças do seu passado, a música invade seus pensamentos de maneira brutal e inesperada, causando abalo e desconcerto, mas mostrando que, por mais que ela não queira sentir, é inevitável. Esses episódios são cruciais para que a protagonista resinifique sua ideia de liberdade e tome decisões e atitudes responsáveis por trazê-la de volta à vida.
Vitória Sirius