Yumi, Japão, 1990, Drama e fantasia, 119 minutos

Direção: Akira Kurosawa

Elenco: Akira Terao, Mitsuko Baisho, Toshie Negishi, Martin Scorsese

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: LIVRE

Onde encontrar: YouTube

Folclórica obra escrita e dirigida pelo famoso diretor Akira Kurosawa, que é dividida em 8 contos fantasiosos, às vezes se assemelhando inclusive a fábulas, e que não possuem nenhuma dependência narrativa. Cada um dos atos do filme carrega consigo a peculiar expressão artística da cultura japonesa de maneira completamente genuína, feita de forma ímpar em razão de ocorrer uma gradual e profunda imersão na experiência do longa na medida em que o tempo decorre e certa familiaridade se cria com a estrutura de cada conto. O filme aborda variadas questões, de maneira direta e indireta para cada capítulo. Tentando identificar alguns dos temas propostos, podemos definir uma cadeia de pensamentos generalizada que interliga as temáticas abordadas quando pensamos em admiração, respeito e temor pela natureza e a existência humana, onde as duas dinâmicas se contrastam.

Com o objetivo de criar uma estratégia para realizar uma compreensão a respeito do filme, consideremos uma análise cujo foco seja a estrutura em que foi feito cada um dos capítulos, para evitar falar apenas alguns deles. Observamos, de maneira geral, que o diretor explora bem o cenário e os ambientes em que cada narrativa ocorre, com a câmera estática, mostrando que o lugar também faz parte do conto, de maneira dinâmica, tais como os personagens que nele habitam, e assim a narrativa se desenvolve por meio da interação entre essas duas importantes figuras: o cenário e os personagens.

Além disso, muitas vezes notamos que o cenário desempenha um papel ao representar a natureza, sendo que esta assume várias posturas em cada capítulo, tais como um ambiente místico, uma paisagem outrora bonita e agradável, posteriormente degradada e tornada a ser agressiva e algumas vezes uma força imponente em detrimento do frágil ser humano que nela habita.

Assim, entre algumas das principais dificuldades que obra pode apresentar para a compreensão do espectador, podemos elencar a dinamicidade presente na introdução e desenvolvimento de cada capítulo, que não necessariamente vai introduzir e delinear seus personagens, mas conhecê-lo-emos a partir da interação que terão com o ambiente. Quando o espectador estiver familiarizado com essa dinâmica da obra, em razão de todos os capítulos decorrerem de maneira linear, a compreensão do longa se torna imediata.

Por fim, o filme foi premiado na categoria de Melhor Fotografia pelo evento japonês Mainichi Film Concours, mas não obteve grande notoriedade no âmbito internacional.

Thiago Freire Nascimento