Jigokumon, Japão, 1953, Drama Histórico/Romance, 91 minutos

Direção: Teinosuke Kinugasa

Elenco: Kazuo Hasegawa, Machiko Kyō, Isao Yamagata

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 ANOS

Contém: Relações humanas, Diálogo adulto

Áudio original em japonês, legendas em português

O mundo está familiarizado com uma visão moderna sobre o Japão, construída em grande parte após a Segunda Guerra Mundial. Mas esse Japão guarda com ele milhares de anos de história praticamente desconhecidos ao ocidente. Fatos, costumes, peculiaridades e diversos outros aspectos que hoje são apenas amostras grátis dentro da sociedade japonesa. Mas, escondida nas velhas pinturas e pergaminhos, há uma outra sociedade que vivia apenas para dentro de seu arquipélago, um pequeno cosmos onde a história de Portal do Inferno se desenvolve.

O ano é 1160, e diversas circunstâncias convergem em um levante de diversos clãs influentes contra o Imperador em Kyoto. Em meio ao caos desse evento, que poderia tomar proporções épicas, a trama toma um caminho paralelo e mais íntimo. Para enganar aqueles que invadiam o palácio imperial, samurais fiéis fazem a escolta de uma dama da Casa Imperial como se fosse a irmã do imperador, dessa forma permitindo a fuga em segurança da verdadeira. Quando a falsa escolta é encurralada e a vida da dama, Kesa, está em perigo, um dos samurais, chamado Morito, mostra grande bravura ao leva-la a um lugar seguro.

Rapidamente, esse evento histórico desenvolve-se e chega a um desfecho. O governo do imperador resiste e acaba com o levante, os guerreiros que foram leais ao imperador foram recompensados e, nesse momento, o caminho sem volta que o filme quer apresentar se revela. O simplório samurai Morito pede como retribuição pela sua lealdade a mão da mulher por quem está apaixonado, a dama que ele salvou. Porém descobre-se que Kesa é a esposa de um samurai de hierarquia superior, fato que leva Morito à uma vertigem moral dentro daquela sociedade. A obsessão amorosa escala, tomando forma em uma competitividade doentia com o marido da dama e um drama possessivo.

Um filme que começou como uma tragédia coletiva, se enraíza na tragédia intima sobre relações humanas e a condição feminina no Japão feudal. Portal do Paraiso ganhou o grande prêmio do Festival de Cannes em 1954.

Lucas H. Sant’Anna