Brasil, 1980, Drama, 128 minutos
Direção: Héctor Babenco
Elenco: Fernando Ramos da Silva, Jorge Julião, Gilberto Moura, Marília Pêra
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 18 anos
Contém: Assassinato, nudez, relação íntima
Áudio original em português
“A linguagem utilizada é de baixo nível, constituída de termos chulos, típica da ambientação dos personagens. Retrata o problema do menor com intenso realismo. O tema, no entanto, é revestido de seriedade, o que permite sua liberação para o público maior de 18 anos”. Assim, a Censura Federal, no parecer 4195 de 1980, autorizava a exibição de Pixote, a Lei do Mais Fraco.
Vila Ester, Diadema, 1980. Hector Babenco mostra o barraco onde mora o ator protagonista para um prólogo dirigido a festivais internacionais. O vídeo consta nos extras do DVD obtido por este Cineclube e, por convir, será exibido introdutoriamente ao filme.
Baseando-se no livro de José Louzeiro, Infância dos Mortos, Babenco procura crianças e adolescentes sem nenhuma experiência cênica, mas com grande experiência de vida, periféricos que são, para interpretar menores que vivem num reformatório. O filme também conta com veteranos como Marília Pêra, que já havia trabalhado com Babenco interpretando Pupi em O Rei da Noite, e que agora volta a interpretar outra meretriz. No enredo, os menores testemunham o sadismo com que os carcereiros jogueteiam com seus colegas. Fugindo desse lugar, Pixote, Chico, Lilica e Dito voltam às ruas de São Paulo e vivem uma vida marginal.
Da exibição, o filme foi premiado e repercutido internacionalmente, levando Babenco à carreira internacional, estreando pouco depois O Beijo da Mulher Aranha. Os jovens atores, entretanto, não tiveram o mesmo êxito, sobretudo Fernando Ramos da Silva, aquele do barraco de Diadema, que a contragosto ficou alcunhado como Pixote. Voltando à periferia e iniciando-se na criminalidade, é morto anos depois à queima-roupa pela PM. A arte imitou a vida.
André Castilho