Fasle kargadan, Iraque / Turquia / Irã, Drama, 2012, 88 minutos
Direção: Bahman Ghobadi
Elenco: Monica Bellucci, Behrouz Vossoughi, Yilmaz Erdogan
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 16 ANOS
Contém: Violência, tortura
Áudio em persa e turco com legendas em português
O Último Poema do Rinoceronte é um filme extremamente tenso e poético, com uma fotografia maravilhosa e uma trilha sonora belíssima. O diretor Bahman Ghobadi inspirou-se nos diários da vida do poeta curdo Saleh Kamangar, que ficou preso por 27 anos na República Islâmica do Irã.
A história se passa em algumas épocas diferentes. Quando somos apresentados aos personagens, estamos em 1977 e acompanhamos Mina, que é uma jovem rica. Seu motorista a leva para todos os lugares, porém ele a observa de um jeito obcecado, o que já nos dá um alerta de como isso será importante na trama. Acompanhamos Mina se encontrar com Sahel, que é um poeta que acabou de lançar um livro de mesmo nome que o filme.
Depois, o tempo se vai para o ano de 1979, ano da Revolução Iraniana, quando tudo no país iria mudar até os dias de hoje. A Revolução Iraniana transformou o Irã, até então uma monarquia autocrática pró-Ocidente, em uma república islâmica teocrática.
O motorista de Mila, Akbar Rezai , era uma figura com influência no novo regime que se formou. Por isso, o pai dela, que era um general do antigo regime, foi morto e ela e seu marido foram presos. Pela acusação de escrever poemas de cunho político, Suhel foi condenado a 30 anos de prisão e Mila, por ser sua esposa, foi condenada a 10 anos.
A história se desenvolve entre passado e presente e nos mostra Suhel saído da prisão 30 anos depois, e em como tudo aquilo o transformou, pois, além de ter sido acusado injustamente, todos achavam que ele estaria morto.
O grande diferencial desse filme é a delicadeza com que a poesia é filmada. Ghobadi utiliza diversos artifícios como texturas nas imagens e cores mais escuras para trazer o efeito desejado. Na trilha sonora, os poemas de Kamangar são recitados e a voz é da filha do poeta, informam os créditos. Tanta beleza e delicadeza vai em total contraponto a história em si, que relata muita dor e sofrimento.
Keila Araujo