Brasil, 1962, Drama, 97 minutos

Direção: Anselmo Duarte

Elenco: Leonardo Villar, Glória Menezes, Norma Bengell

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 12 ANOS

Contém: Violência

Áudio em português, sem legendas

 

“O Brasil é o país que desmoraliza o absurdo, porque o absurdo acontece. Aceito a tarja que me pregam na testa: subversivo. Minha única dúvida é se realmente mereci, se de fato incomodei bastante”. A frase é de Dias Gomes, dramaturgo e autor da peça teatral que dá origem a este filme.

No sertão baiano, Zé é o dono de uma pequena lavoura onde perambula um burro por quem nutre grande estima, sendo por isso conhecido como Zé do Burro. Quando o animal é gravemente atingido por um raio em sua perna, Zé recorre a todos os meios possíveis para salvá-lo, da medicina ao curandeirismo, até que encontra um terreiro e lá promete a Iansã que, estando seu amigo curado e sadio, doaria sua lavoura e carregaria a pé uma pesadíssima cruz até Salvador, rumo a Igreja de Santa Bárbara. Assim o fez.

Ao chegar, fatigado e com os ombros em carne viva, Zé do Burro é impedido de entrar na igreja com sua cruz. O padre entendeu que a promessa foi feita em circunstâncias pagãs, uma vez que nega o sincretismo entre Iansã e Santa Bárbara. Persistente, Zé permanece dias a fio nas escadarias do templo. Desencadeiam-se reações: o sacerdote convoca um presbitério para discutir o caso; os candomblecistas iconizam Zé contra a intolerância religiosa e a imprensa espetaculariza o fato. Ao chegar então as festividades do dia de Santa Bárbara, a situação escalou de tom.

É este enredo multicultural que deu ao filme o único título brasileiro até hoje vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes.

André Castilho

 

Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=CgVKYRyAnIU