Pierrot le fou, França/Itália, 1965, Drama, 110 minutos
Direção: Jean-Luc Godard
Elenco: Jean-Paul Belmondo, Anna Karina
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 ANOS
Contém: Drogas lícitas, nudez, violência
Áudio original em francês, legendas em português
O longa, que tem como base o livro Obsession, de Lionel White, nos apresenta Marianne e Ferdinand, chamado de Pierrot (“palhaço triste”) por seu par romântico. Inicialmente, exploramos o universo particular de Ferdinand: recém-desempregado, bancado pela esposa de família rica, pai de dois filhos e desinteressado pela vida que levava. Nesse contexto, aparece Marianne, sobre a qual sabemos muito pouco — sentimento que perdura ao longo do filme — mas entende-se que se trata de uma antiga paixão de Ferdinand. Juntos, de maneira impulsiva e às pressas, decidem fugir, sem nenhuma reserva financeira e sem destino.
A fim de conseguirem se manter, Marianne, que já teria problemas com uma organização criminosa, sugere o caminho do crime, o qual, sem qualquer juízo de valor, Ferdinand aceita. Com isso, vendo a dupla como uma espécie de Bonnie & Clyde, acompanhamos uma série de roubos, necessários apenas para manter as viagens a lugares desconexos, apesar de sempre vislumbrarem certos destinos, mas que sempre ficam na imaginação.
O filme faz parte do movimento Nouvelle Vague, dado pela oposição às produções hollywoodianas da época, incentivando o cinema experimental em todos os aspectos, do roteiro à direção. Alguns elementos destaques da obra são: intenso diálogo entre o casal, com associação livre de ideias, questionamento da liberdade em contrapartida à alienação, quebra da trilha sonora, quebra da quarta parede, submissão dos sonhos ao capitalismo e uma ode à filosofia literária.
Na época de seu lançamento, chegou a ser censurado por “incitar ao anarquismo moral e intelectual”. É um verdadeiro espetáculo subversivo.
Vitória Sirius