Brasil, 1980, Drama, 78 minutos
Direção: Bruno Barreto
Elenco: Tarcísio Meira, Daniel Filho, Ney Latorraca
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: A14
Contém: Assassinato, agressão física
Áudio original em português
“E você? Como reagiria se o seu marido beijasse outro homem… na boca!?”
Esta é a principal chamada do trailer deste filme. A curiosidade é instigada quando se nota que a obra é, de fato, agente de seu tempo, onde a homossexualidade é demonizada e motivo de linchamento. E em como todo linchamento, pouco importa o desmentido. É o que sofre nosso protagonista Arandir.
Em uma avenida movimentada do Rio de Janeiro, um homem é atropelado e pede a Arandir que lhe dê um beijo. Quem testemunha é seu sogro, e o fato causa comoção. O sogro chama-se Aprígio: professor primário, introspectivo e polido cavalheiro, é pai de Selminha e Dália. As duas moram com Arandir, sendo a primeira sua esposa. O fato deixa Selminha numa situação de revés: defende o marido, mas permeia-se na dúvida. Dália também defende seu cunhado, porém de maneira definitivamente apaixonada e sem a fragilização da irmã. Já Aprígio sempre foi avesso ao genro, frisando que só diz seu nome a seu cadáver, e o episódio só escala o desprezo.
A comoção do tal beijo ultrapassou os horizontes pessoais e familiares. Um jornalista espetaculariza o fato nas manchetes e molda a opinião pública. O delegado de polícia, cúmplice do jornalista, investiga Arandir à margem da lei. Este dá respostas dúbias a cada questionamento, perenando o massacre da dúvida diante de um interrogatório ditatorial vindo não só do delegado, mas de todos ao redor.
O filme é baseado na obra de Nelson Rodrigues.
André Castilho