Brasil, 2006, Drama, 104 minutos

Direção: Cao Hamburger

Elenco: Michel Joelsas, Germano Haiut, Daniela Piepszyk

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 10 ANOS

Contém: Violência

Áudio original em português

Quando pensamos em filmes sobre a ditadura militar brasileira é comum esperar imagens de tortura e repressão, banhadas de violência, ou mesmo dramas intensos, onde os protagonistas são mártires do movimento civil. O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias subverte nossas expectativas, contando a história da perspectiva de uma criança, preocupada não só com a volta de seus pais que saíram de “férias”, mas também com a posição do Brasil na Copa do Mundo de 1970, sem fraquejar a mão no drama emocional esperado de um filme sobre esse período.

É errado dizer que a tensão política é um plano de fundo, porém não é a preocupação principal do nosso protagonista, Mauro, pelo menos não conscientemente. Jogado à uma comunidade para ele estrangeira, um apartamento em São Paulo povoado por imigrantes italianos, gregos e principalmente judeus, acompanhamos o processo de aclimatização dele nesse novo microcosmo, suas amizades, dificuldades e descobertas clássicas de qualquer filme sobre amadurecimento.

O filme oscila constantemente entre momentos cômicos e trágicos. O cenário político atua como um nó na garganta, um sentimento que algo está prestes a acontecer, que vai se apertando conforme o filme progride. Além disso, o filme tem um ar de melancolia onde às vezes, os únicos momentos de escape da trama, são os jogos do Brasil na copa, onde todos podem torcer juntos. Porém até que ponto esse nó irá apertar?

Um filme extremamente agridoce, habitando no meio termo entre um filme de amadurecimento e um drama histórico, que comemora a cultura de retalhos que é o Brasil, uma cultura formada por pessoas de todos os tipos e torcidas do mundo, sem esquecer ou tentar minimizar nosso passado trágico de repressão militar.

Vinícius Marcatti