Yoidore tenshi, Japão, 1948, Drama/Suspense, 98 minutos

Direção: Akira Kurosawa

Elenco: Toshiro Mifune, Noriko Sengoku, Chieko Nakakita, Takashi Shimura

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 12 ANOS

Contém: Violência, Drogas

Áudio original em japonês, legendas em português

Kurosawa nos introduz ao universo da população miserável e das gangues dos subúrbios de Tóquio no pós-guerra com uma trama embasada na relação entre um médico e um mafioso. Sanada é uma pessoa simples, que optou por viver longe das elites, prestando seus atendimentos médicos à comunidade pobre e desassistida, e que luta contra seu vício em álcool. Apesar de sua falta de tato com os pacientes, o personagem, genuinamente, se importa com cada um deles, e não foi diferente com Matsunaga, chefe da gangue local que, mesmo hesitante, procurou o médico para a retirada de uma bala da mão. Na consulta, Sanada suspeita de que o problema seja mais grave do que apenas o ferimento, tratando-se de um possível caso de tuberculose, doença que é sua especialidade.

A atmosfera do filme lembra muito um noir, tanto pela fotografia preta e branca como pelos elementos de crime provenientes da máfia. Além disso, há uma constante sensação de apreensão e pessimismo, não só pela trama, mas também pelo enfoque em características ambientais e sociais, de pessoas que vivem em meio a um “esgoto a céu aberto”, rodeadas de lixo, sem condições sanitárias, com cenas de crianças colocando sua saúde em risco ao mergulharem em um lago imundo e fedorento para terem o mínimo de diversão. Como em todo contexto de negligência social, o aspecto psicológico local é de infelicidade, medo, violência e vícios.

A obra teve enorme sucesso na época de seu lançamento, sendo premiada como Melhor Filme no Kinema Junpo Awards. No mais, foi o primeiro passo para a carreira de independência e domínio magistral do diretor, conhecido mundialmente como um dos maiores nomes do cinema.

Vitória Sirius