Com a queda de Mussolini, no início de 1945, a Itália foi libertada da ocupação alemã na chamada “Primavera Italiana”, criando uma oportunidade para uma abordagem mais realista aos filmes da época. Dessa forma, o cinema italiano passou da utilização de sets de estúdio elaborados para filmar em locações no campo e nas ruas da cidade, dentro do estilo realista.

Durante a Segunda Guerra Mundial, surgia no cenário italiano um movimento artístico que buscava seguir o passo lento e cansado do trabalhador que regressa à casa, o Neorrealismo Italiano, que se expandia na Arte, Arquitetura e Cinema. Considerado uma indicação de mudança cultural e progresso social na Itália, os filmes do movimento apresentavam histórias e ideias contemporâneas. As obras geralmente eram filmadas com atores não profissionais e diante de um cenário povoado por pessoas locais, em vez de figurantes trazidos para os filmes.

As filmagens ocorriam quase que exclusivamente no local, já que os estúdios cinematográficos Cinecittà haviam sido danificados significativamente durante a guerra e, por isso, agora exploravam a pobreza e o cotidiano da classe baixa, com os personagens muitas vezes existindo dentro de uma ordem social simples, na qual a sobrevivência é o objetivo principal.

Entre 1944 a 1948, muitos cineastas neorrealistas se afastaram do neorrealismo puro. Alguns diretores exploraram a fantasia alegórica e o espetáculo histórico. Foi também o período em que surgiu um neorrealismo mais otimista, que produzia filmes que mesclavam personagens da classe trabalhadora com a comédia populista no estilo dos anos 1930.

No início dos anos 1950, o Neorrealismo começou a perder força. Os partidos encontraram dificuldade em apresentar a sua mensagem, a visão da pobreza e do desespero existentes incomodava uma nação que desejava prosperidade e mudança após a guerra. Além disso, o aumento gradual nos níveis de renda fez com que os temas do neorrealismo perdessem sua relevância.

Mayara Sentalin

Equipe do Cineclube