Smultronstället, Suécia, 1957, Drama, 91 minutos

Direção: Ingmar Bergman

Elenco: Victor Sjöström, Ingrid Thulin, Bibi Andersson, Jullan Kindahl

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: Livre

Áudio em sueco, com legendas em português

Em um cinema pós-guerra, cineastas como Fellini, Rossellini, Antonioni, Godard, buscavam ir contra o cinema vigente naquele momento, que privilegiava a ação irregular e a narrativa explicita, que buscava criar uma relação com o espectador de forma visual. Nesse contexto, em 1957, Ingmar Bergman dirigiu e roteirizou Morangos Silvestres, filme que viria a ser um reflexo de muitas almas humanas, inclusive a do próprio diretor.

O longa acompanha Isak Borg, interpretado pelo grande ator e cineasta Victor Sjöström, que aos 78 anos irá viajar para Lund, onde será realizada a celebração da sua nomeação como Doutor Honoris causa. Na noite anterior a viagem, o médico acaba por ter um sonho que parece lhe apresentar um enigma sobre si próprio. Por conta disso, Isak resolve dirigir até Lound como uma forma indireta de buscar respostas para as suas questões. Nessa viagem, o protagonista é acompanhado de sua nora e de alguns caroneiros que o fazem refletir sobre o seu passado.

O período de surgimento da ideia inicial do filme, e também o de produção, está intimamente ligado ao diretor e a trama. Na época, Ingmar Bergman passava por problemas dentro do seu casamento e no relacionamento com seus pais. Tudo isso cominou em uma necessidade de tentar entender a raiz de todos os seus problemas, resultando na sua frase: “ A verdade é que estou sempre vivendo na minha infância”. Nota-se então, que o seu roteiro parece tentar descrever os seus sentimentos durante esse período.

Quanto a produção, o diretor traz com o filme uma linguagem mais próxima da literatura e da arte abstrata, onde precisamos ler as cenas como se fossem compostas de símbolos que buscam, não esclarecer, mas representar a singularidade dos personagens e da história. Assim, o protagonista, em meio a tudo, parece tornar-se também um espectador, o qual busca orientar os conceitos, a priori confusos e sem conexões entre si, de forma que seja possível convertê-los para uma linguagem entendível. Isso transforma o personagem em um auxiliar na nossa leitura do próprio filme. Tal abordagem se popularizou muito, principalmente devido a influência do cinema italiano Neorrealista.

Igor S. Santos