Freud, EUA, 1962, Biografia / Drama, 140 minutos

Direção: John Huston

Elenco: Montgomery Clift, Susannah York, Larry Parks, Susan Kohner

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 Anos

Contém: Diálogos adultos

Áudio em inglês, com legendas em português

Em Freud, Além da Alma, acompanhamos os primeiros anos do envolvimento de Sigmund Freud, pai da psicanalise, com o tratamento da histeria, doença que se caracterizava pela presença de sintomas sem nenhuma explicação fisiológica adjacente, como crises de falta de ar, paralisias, cegueira, gravidez psicológica, dores musculares, entre diversas outras coisas. Nisso, o filme busca contextualizar, de certa forma, os embasamentos teóricos de Freud, mostrando suas dificuldades durante o caminho e também a recusa que outros médicos e intelectuais tiveram quanto a teoria freudiana.

Durante a primeira parte do longa, nos deparamos com Freud acompanhando o tratamento de uma mulher com histeria. Nesse momento lhe é apresentado o que dizem ser uma explicação para essa doença tão misteriosa. É argumentado, através de um exemplo utilizando hipnose, que a histeria não passava de uma forma do paciente “implorar” por atenção de terceiros, apelando para a empatia destes. A partir disso, vemos Sigmund indo contra tal teoria, visto que seus estudos pareciam apontar que a doença partia de algo ligado a emoção humana e principalmente a algum tipo de repressão sexual.

Posteriormente, ao divulgar seus resultados a sociedade cientifica da época, Freud se vê como uma ovelha negra em meio a um rebanho de lãs brancas, já que quase todos os médicos repudiam sua teoria, menos alguns como Charcot e Breuer. Charcot influenciou muito Freud em sua teoria, além de manterem uma ótima relação pessoal, mas foi em Breuer que o psicanalista encontrou um grande apoio. Com ele, Freud desenvolveu o modelo econômico do aparelho psíquico e também o método catártico, base do tratamento psicológico, no qual o objetivo era guiar o paciente até a exposição dos traumas, estendendo-se mais tarde à análise de sonhos, para que eles fossem absorvidos, trazendo cura.

No restante do filme ainda acompanhamos o desenvolvimento de outras partes da teoria freudiana, como o complexo de édipo, onde Freud nota a importância das relações dos filhos com os pais e também sua teoria do inconsciente, que se tornou uma das grandes revoluções no pensamento humano, demonstrando que uma parte da nossa consciência é obscura para nós. Junto disso temos uma direção digna da personalidade tratada e um roteiro que consegue ser muito fiel aos fatos.

Igor S. Santos