Faust – Eine Destsche Volkssage, Alemanha, 1926, Drama, 116 minutos

Direção: Friedrich Wilhelm Murnau

Elenco: Gösta Ekman, Emil Janning, Camilla Horn, Frida Richard, William Dieterle

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: LIVRE

Onde encontrar: YouTube

Última consagrada obra de F. W. Murnau, temos essa releitura escrita por Hans Kyser, baseada nas obras de Goethe e Christopher Marlowe que também abordam a lenda alemã do alquimista e médico Dr. Johannes Georg Faust. Trata-se de um filme permeado pelo famoso expressionismo alemão da década de 1920, corrente artística de vanguarda que traz à tona variados temas sobre o sombrio e medo. Assim, o filme é apresentado tendo como plano de fundo dois elementos principais: o medo humano da morte e do sofrimento e o épico embate entre o bem e o mal.

Em princípio, nos é apresentada uma franca conversa entre o demônio e um arcanjo, o primeiro está devastando a humanidade com suas calamidades e o outro, exigindo o cessar da agonia sofrida pelos humanos. O embate termina quando os dois apostam em Fausto, um homem que está entre os outros, tentando ajudá-los em suas misérias e desgraças, de forma que o arcanjo aposta na virtude de Fausto, como exemplo de resiliência, fé e esperança viva dentro da humanidade, e o demônio aposta na corrupção dele, dizendo que ao final de tudo provará que a humanidade está totalmente perdida quando ele conseguir corromper a alma de Fausto. Ao término da discussão, ele lança uma grande peste para assolar a cidade em que o protagonista vive, de maneira a fazer com que não consiga ajudar ninguém, mas também dá à Fausto uma pista de como invocá-lo. Ao perder a crença de que Deus se importa com o sofrimento dos homens, Fausto tenta fazer a invocação do demônio e acaba sendo surpreendido com seu sucesso atormentador. O demônio então oferece a Fausto um trato, conferindo a liberdade de o escravizar e ter o seu poder em mãos.

Dessa maneira, com a narrativa inteiramente desenvolvida, o filme se desenrola não apresentando nenhuma quebra de linearidade aparente, porém também não apresenta com total clareza algumas informações ao espectador, permitindo várias oportunidades de interpretação para a obra, além de uma complexa discussão a respeito da virtude e não virtude que habitam nos homens.

Como dito anteriormente, o filme foi a última obra do diretor, que tinha enorme interesse por fazê-lo. Alguns críticos argumentam que apesar de definitivamente não ser sua obra mais conhecida, esta seria a que melhor sintetizaria suas caracterizas e influências com relação a vivência no Expressionismo alemão da época.

Thiago Freire Nascimento