Brasil, 2012, Drama, 80 minutos
Direção: Philippe Barcinski
Elenco: Ângelo Antônio, Daniel Hendler, Melissa Vettore
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 12 ANOS
Contém: Drogas Lícitas, Linguagem Imprópria
Áudio original em Português
“Achei muito intenso o que se sentia no aterro. Fiquei impressionado com o que vi, com a quantidade de histórias sobre perdas, de filhos, de emprego, que ouvi das pessoas que trabalham lá. Depois, quando fui à uma cooperativa, ouvi histórias de reconstrução, onde muita gente chega sem nada, sem autoestima, sem higiene, sem família, sem dinheiro, e depois de um tempo trabalha, toma o seu ônibus, e tira seus R$ 1.200 por mês. ”
Assim o diretor deste filme, em entrevista ao O Globo, comparou o trabalho de catadores em cooperativas de reciclagem e em aterros sanitários. Aqui ele se refere ao aterro de Gramacho, no Rio de Janeiro, que após 35 anos funcionamento inadequadamente foi desativado em 2012. O local serviu de cenário principal para a história de nosso protagonista.
Depois de personagens marcantes e viscerais como Chico Xavier e Francisco di Camargo, o ator Ângelo Antônio dá vida agora a Vicente, um catador do aterro. Isolado e introspectivo, pouco se comunica com seus colegas e prefere até se apresentar com outro nome. Durante o trabalho, seu inconsciente rememora em linha cronológica os tempos de empresário de sucesso e pai de família dedicado que foi. A obra alterna situações de passado e presente, que se entrelaçam quando Vicente sofre um duro golpe em sua empresa e na sequência outro duríssimo golpe que atinge sua família.
O que fica da vida nos seus revezes e o que fica da vida durante os altos e baixos? É um filme que, no tom ideal, mede também as sensações do simbólico.
André Castilho