The Day of the Locust, Estados Unidos, Drama, 1975, 144 minutos
Direção: John Schlesinger
Elenco: Donald Sutherland, Karen Black, William Atherton, Burguess Meredith
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 anos
Contém: Conteúdo Sexual, Drogas Lícitas, Violência
Áudio original em francês, com legendas em português
No fim dos anos 30, o mundo se encontrava encerrado entre dois períodos de crise. De um lado, o Ocidente ainda estava saindo do território sombrio da Grande Depressão; de outro, o espectro do fascismo se espalhava pela Europa, como um câncer cuja metástase ceifaria a vida de milhões de pessoas. Apesar disso, Hollywood vivia, em 1939, o auge de sua Era de Ouro. O cinema, então uma arte jovem, alcançava a maturidade. Muitos clássicos chegariam às telas naquele ano, como O Mágico de Oz e E o Vento Levou. Por isso, muitos artistas anônimos se mudavam para Los Angeles, sonhando com uma fama que permitisse a eles se esconderem da barbaridade do mundo ao redor.
É neste cenário que o ilustrador Tod Hackett chega à cidade, para trabalhar no departamento de arte de um estúdio. O rapaz conhece muitas pessoas que, como ele, estão ali para tentar a vida artística. Entre elas, encontra-se a bela Faye Greener, uma jovem atriz. Tod se deixa seduzir pela graciosidade de Faye, mas a paixão do desenhista não encontra eco no coração da moça. Ao mesmo tempo, a presença de Homer Simpson (!), um contador tímido e passivo, acrescenta novas camadas emocionais à narrativa.
Os três personagens são os pontos focais do enredo. Aos poucos, conhecemos a alma e as motivações de cada um deles. Faye tem certeza de que um dia será famosa, mas tem que lidar, no presente, com a pobreza e uma relação difícil com o pai, além da violência patriarcal em seus elos afetivos. Homer, por sua vez, vive os dias cercado por turbulências emocionais, diante das quais ele mantém uma passividade combalida. Contudo, a repressão de seus sentimentos acaba por explodir em tragédia. Por fim, Tod se divide entre o trabalho técnico para o estúdio e os seus desenhos pessoais, mais abstratos. O horror de algumas dessas artes se materializa, num clímax dantesco, nos rostos de uma multidão enfurecida.
O filme se situa numa encruzilhada histórica, numa época em que, contra um pano de fundo de tensões políticas globais, as novas tecnologias faziam nascer o moderno fenômeno da celebridade, da pessoa cuja face é conhecida por milhões de desconhecidos. A partir desses elementos, a obra constrói uma representação do sentimento de alienação e desesperança de pessoas que chegavam a Hollywood em uma busca de uma fama efêmera.
Luan Augusto Machado de Lima
