O CASTELO
Das Schloß, Alemanha, 1997, Mistério, 123 minutos
Direção: Michael Haneke
Elenco: Ulrich Mühe, Susanne Lothar, André Eisermann
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 (contém drogas licitas, cenas intensas e nudez)
Áudio em alemão, com legendas em português
Lançado após a morte de seu autor, Franz Kafka, o romance inacabado O Castelo (Das Schloss no original) tornou-se uma das principais – ainda que menos conhecida que as demais – obras do escritor. Repleto de interpretações, desde analogias políticas e psicológicas, teve sua principal adaptação audiovisual feita em 1997, indo direto para a televisão e dirigida por Michael Haneke, diretor conhecido por tecer diversas críticas ao cinema da época, chamando-os de nomes como “fast-food norte-americano”.
No filme acompanhamos K, um topógrafo, durante sua estadia em uma aldeia onde habita um misterioso castelo, pelo qual foi chamado para prestar seus serviços. Logo de início, a figura do tal castelo o assusta, onde é informado que apenas algumas poucas figuras – de maioria rica e de nome importante – frequentam o tal local. Disso, o protagonista passa por uma longa jornada, onde conhece diversas pessoas – que demonstram ter noção da estranheza do lugar e aceitar isso normalmente -, buscando entrar em contato com alguma pessoa do castelo para que possa efetuar o seu trabalho.
No mais, K passa por uma jornada, sem sombra de dúvidas – e também não só em referência ao autor – kafkiana, ou seja: “ […] a rigor é kafkiana a situação de impotência do indivíduo moderno que se vê às voltas com um superpoder (Übermacht) que controla sua vida sem que ele ache uma saída para essa versão planetária da alienação […] ” (CARONE, 2009, p. 100).
Assim, o protagonista se vê oprimido pela figura do castelo, que além de despertar um imenso mistério que o consome, parece também o seduzir. O castelo, portanto, se torna muito mais do que uma metáfora da nossa sociedade formada por enrijecidas posições sociais, onde quem é pobre continua pobre e quem é rico continua rico, mas também uma entidade quase transcendental, muito além da moral humana.
Como conclusão, temos que O Castelo, apesar de refletir em si o fato de se basear em um romance inacabado, carrega consigo um mistério muito bem construído, junto de uma construção de mundo bizarra e atraente, culminando em um filme que foge dos padrões hollywoodianos, para o bem ou para o mal.
Igor S. Santos