Brasil, 2003, Drama, 146 minutos

Direção: Héctor Babenco

Elenco: Luiz Carlos Vasconcelos, Rodrigo Santoro, Milton Gonçalves

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 16 anos

Contém: Violência, diálogo adulto, relação íntima

Áudio original em português

 

“Cadeia é um lugar povoado de maldade. Não é aqui o objetivo denunciar um sistema penal antiquado, apontar soluções para a criminalidade brasileira ou defender direitos humanos de quem quer que seja. Como nos velhos filmes, procuro abrir uma trilha entre todos os personagens da cadeia. Por razões éticas, os casos descritos nem sempre se passaram com os personagens a que foram atribuídos. Como diz a malandragem: ‘Numa cadeia, ninguém conhece a moradia da verdade.’”

Casa de Detenção Carandiru, zona norte de São Paulo, anos 1990. O médico oncologista Drauzio Varella atuava voluntariamente na prevenção da AIDS entre os detentos. Da experiência, escreveu o livro cuja introdução abre esta resenha, e que se tornou base para o filme. As filmagens foram realizadas no próprio presídio, já desativado e implodido logo depois. Destaque para Milton Gonçalves, que após interpretar um miliciano em Lúcio Flávio, volta ao set de Babenco para interpretar um detento veterano que é respeitado pelos demais.

O doutor-personagem é alguém que, ao atender os presos, ouve suas histórias. Ciente do que lhe cabe, assume uma literal neutralidade clínica. Se distancia das situações e não toma as dores de ninguém. Já os presos, sob constante tensão, um dia hão de se desentender.

Hector Babenco ainda fará outros filmes antes de falecer, em 2015, vítima de uma parada cardiorrespiratória. Mas é com este que o Cineclube encerra o ciclo em sua homenagem.

André Castilho