Le Dernier Tango à Paris, França/Itália, Drama, 1972, 129 minutos
Direção: Bernardo Bertolucci
Elenco: Marlon Brando, Maria Schneider, Massimo Girotti, Jean-Pierre Léaud
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: A18
Contém: Situação sexual de forte impacto, Violência
Áudio original em francês, com legendas em português

Um filme consideravelmente polêmico da década de 70, mais conhecido por suas controversas cenas. O Último Tango em Paris conta a história de Jeanne uma garota jovem e enérgica que busca aventuras emocionais e sexuais, e de Paul um viúvo de meia idade que vê Jeanne como oportunidade para suprir seus desejos e forma de distanciar da realidade. Após se conhecerem, eles alugam um apartamento onde vivem fantasias sexuais sem sequer saberem a identidade um do outro, usando o lugar como válvula de escape da vida, seja Jeanne querendo uma experiência vívida e sem seu namorado, este que mais se preocupa em filmá-la e transformá-la em atriz do que em necessariamente conhecê-la, e Paul busca no apartamento uma forma de sair do luto e do hotel que pertencia a sua esposa que suicidara após traí-lo.
A história se desenrola de maneira um tanto quanto caótica com ambos se tornando dependentes emocionalmente e sexualmente um do outro por se perderem no conforto de ter um lugar externo à suas vidas. Com isso a obra revela os perigos da perda de identidade, como a que os protagonistas vivenciam no seu local de encontros, além de revelar os perigos da dependência emocional, exemplificado no fato de Jeanne viver diversos abusos e ainda assim não conseguir deixar Paul, assim acarretando numa relação desigual de poder. O filme também critica o conceito de “libertação sexual” e de sexo sem intimidade por mostrar que ambos os conceitos são vazios e utópicos. Bertolucci usa a obra para argumentar que o sexo usado para dominar, para fugir da dor, para desumanizar o outro e a si mesmo, é uma força destrutiva e uma promessa vazia que leva inevitavelmente à tragédia.
As diversas cenas problemáticas e explícitas levaram a atriz Maria Schneider a afirmar que foi seu maior arrependimento ter participado da obra, uma vez que a conhecida “cena da manteiga” não estava em seu contrato e tanto ela quanto Brando se sentiram violados ao terem que gravar tal cena. Além disso por suas controvérsias, o filme ganhou rápida notoriedade e mesmo contendo tais falhas, o filme ainda foi um sucesso na crítica dos EUA e da França, porém foi banido na Itália e todas as cópias foram confiscadas além de Bertolucci ter sido condenado a 4 meses de prisão e teve seus direitos cassados por 5 anos. Já no Brasil o filme foi exibido somente após a ditadura militar. Assim sendo considerado por uns uma inovação e “uma nova visão sobre a arte” e por outros uma obra obscena, desrespeitosa e grotesca.

Vitor Augusto Andrade

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