SINHÁ MOÇA
Brasil, 1953, Drama histórico, 120 minutos
Direção: Tom Payne
Elenco: Eliane Lage, Anselmo Duarte, Ruth Souza, Abílio Pereira de Almeida
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 12 anos
Contém: Drogas Lícitas, Violência
Áudio original em português
Numa época em que tardiamente a discussão a respeito do abolicionismo ganhava espaço no Brasil, durante o final do Segundo Reinado, conhecemos a bela Sinhá Moça, que está voltando de São Paulo para a vasta fazenda de seu pai, o Coronel Ferreira. Vemos que seu retorno ocorre enquanto há o recente sucesso de capitães do mato em capturar um grupo de escravizados que tentavam fugir, e logo a nobre mulher declara seu repúdio ao modo de produção escravocrata para o delegado que cumpria as ordens do latifundiário, causando surpresa em todos por perto, que bem conhecem as visões do Coronel a respeito do abolicionismo.
O movimento abolicionista, do jeito que é abordado no filme, tem uma origem exógena, que vêm de fora do país, sendo trazido pela burguesia aristocrática da época, muito influenciada pelos movimentos iluministas que deram origem às doutrinas liberais do século XX. Contudo, também é apresentado no filme a luta contra o movimento escravagista desempenhada pelos próprios escravos, que cada vez mais elaboravam fugas coletivas para se libertarem da condição de vida em que se encontravam.
Atualmente, após anos de organização e luta do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial, o dia da consciência negra foi mudado, saindo da data original 13 de maio (promulgação da Lei Áurea), para 20 de novembro (data oficial da morte do líder quilombola Zumbi dos Palmares). A motivação para a mudança se baseia na atribuição do protagonismo negro na luta pela abolição em detrimento do ideal de que a liberdade foi simplesmente entregue ao povo negro. Essa discussão, pode surgir como um ponto de crítica para a abordagem feita no filme, importante de ser demarcada, em prol de entendermos a evolução da visão que temos sobre o histórico da abolição.
Thiago Freire Nascimento