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Retrato de época: como foi a inauguração do prédio do CDCC em 1908

Publicação da época relata a festividade e dá a dimensão de sua importância social

A inauguração do prédio que hoje abriga o CDCC ocorreu em maio de 1908, nos dias 2, 3 e 4. O periódico “Cidade de São Carlos”, em sua edição do dia 7 de maio, contou como foram as festividades, revelando aspectos curiosos da vida social sancarlense e evidenciando a grandeza do empreendimento e seu significado social. 

As festas foram promovidas pela Sociedade Italiana Dante Alighieri, por motivo de inauguração do suntuoso edifício que seria sua sede – como é qualificado na publicação. Porém, segundo consta, o programa que havia sido anteriormente publicado não pôde ser seguido, por conta de uma “impertinente chuva”.  

O trem que vinha da capital trouxe, entre outros convidados de importância social, o cônsul geral italiano Nobille Pietro Barolli e o comendador Francisco Matarazzo, além de bandas musicais ítalo-brasileiras de Campinas e de Torrinha. Ao chegarem, os convidados foram recebidos por várias autoridades locais, pela diretoria da Sociedade Dante Alighieri e por alunos da escola. Na ocasião, foram queimados “inúmeros foguetes”. 

Ainda diz a publicação sobre os convidados: “Às 6 e 1/7, ao som do hino nacional e italiano, deram entrada no salão festivamente iluminado” e “tomaram assento na mesa central, que se achava artisticamente ornamentada com lindos bouquets de flores”. 

A sessão foi iniciada com pronunciamento de João Ângelo Appratti, presidente da Sociedade, “entusiasticamente aplaudido e felicitado”, seguido pelo cônsul italiano e, por fim, pelo orador oficial da Dante Alighieri, Francisco Serpe, “que ao assumir a tribuna foi alvo de estrondosa salva de palmas”.

Após a sessão de inauguração, os convidados percorreram as dependências do edifício e, em seguida, dirigiram-se para a quermesse em benefício da Sociedade, que foi “extraordinariamente concorrida”. No pavilhão “vistosamente enfeitado”, onde estavam as prendas para a quermesse, “graciosas senhoritas” mostraram-se incansáveis em atender aos que queriam tirar a sorte. As bandas musicais executaram peças dos seus repertórios durante a sessão magna e a quermesse.

As festividades continuaram no domingo, com realização de “cerimônia tocante”, em que os alunos da escola mantida pela Sociedade, “trajando com a mais irrepreensível correção”, se dirigiram ao hotel onde estavam hospedados os visitantes de São Paulo e entregaram diplomas de sócios honorários da Dante Alighieri a eles. Na ocasião também falaram “as inteligentes meninas Christina Luporini e Mathilde Berroco”. 

 

Fonte: Sociedade Dante Alighieri (1902-1953) (São Carlos-SP) – pesquisado por Marco Antônio Leite Brandão

Imagem: Acervo Fundação Pró-Memória

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