The Boy Who Harnessed the Wind, EUA, Malawi, França, Reino Unido, 2019, Drama, 113 minutos
Direção: Chiwetel Ejiofor
Elenco: Maxwell Simba, Chiwetel Ejiofor, Aissa Maiga, Lily Banda
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 12 ANOS
Contém: Violência, temas sensíveis
Áudio original em inglês com legendas em português
Onde encontrar: Netflix, Torrent, Popcorn Time
Baseado em uma história real, O Menino que Descobriu o Vento conta a história de William Kamkwamba, um garoto inteligente e autodidata. O drama conta como os moradores de Malawi, um país sem saída para o mar, situado no sudeste da África, passam por um período intenso de chuva, o que os impossibilitam de trabalhar na colheita, sua única fonte de alimentação e renda. Quando as tempestades acabam, a seca toma conta do local e piora a situação, levando pessoas a morrer de fome e sem a ajuda do governo. Além de todos os problemas políticos, a fome leva a família do garoto a desmoronar.
No início do filme, percebe-se que o pai de William, Tyrell, reconhece o valor da educação como instrumento de transformação: ainda que não tenha tido a oportunidade de estudar, ele usa seus poucos recursos financeiros para custear a escola dos dois filhos. Com o desenrolar da narrativa, percebe-se que William enxerga o papel transformador da educação de maneira um pouco mais ampla, associando o conhecimento científico ao potencial de intervenção nos problemas trazidos pela seca, que se intensifica. Essa diferença de interpretação da definição da educação entre pai e filho promove desentendimentos característicos do choque de gerações, cultura e de oportunidades. O pano de fundo social também mostra o descaso do governo e evidencia que a curiosidade, a criatividade e a determinação do garoto são atos de bravura e de resistência.
Ejiofor ainda encontra espaço para destacar o folclore, as diferentes línguas do país e os costumes típicos, enquanto retrata a si mesmo como a geração bondosa, porém tolhida pela dificuldade de acesso à informação. Este é claramente um filme político, ainda que a política seja compreendida menos como um conjunto de práticas sociais – a subtrama do governador corrupto fica em segundo plano – do que uma medida de esforço individual. Ainda se acredita que, mediante o esforço necessário, qualquer um possa se tornar um engenheiro promissor como o personagem principal. Ingênuo ou não, este raciocínio é apresentado com uma paixão e honestidade inegáveis. Desta forma, o diretor impregna cada cena de humanismo e empatia, além de ressaltar a importância das mulheres dentro das transformações sociais. Ganhador do NAACP (Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor) na categoria fotografia.
Mayara Sentalin