Lisbela e o Prisioneiro, Brasil, 2003, Comédia/Romance, 103 minutos
Direção: Guel Arraes
Elenco: Selton Mello, Débora Falabella, Marco Nanini, Virgínia Cavendish
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: Livre
Áudio original em português

Em uma pequena cidade do interior de Pernambuco, Lisbela é uma jovem sonhadora apaixonada por cinema, que vive envolvida pelas histórias que assiste na tela grande. Prometida a um rapaz rico, ela se vê diante de um dilema quando cruza o caminho de Leléu Antônio, um malandro encantador, andarilho que ganha a vida com espetáculos e conquista corações por onde passa. O encontro dos dois desperta uma paixão arrebatadora, mas também coloca em risco a estabilidade da vida que Lisbela levava até então. No entanto, um grande perigo se aproxima, quando o atroz Frederico Evandro, um matador de Alagoas, resolve ir no rastro de Leléu para resolver assuntos inacabados. Entre perseguições e ciúmes, a narrativa alterna romance e comédia, desenhando um retrato vibrante e poético do sertão nordestino.

A obra nasceu como peça teatral de Osman Lins, escrita em 1961, que explorava o universo popular nordestino com humor, lirismo e crítica social. No cinema, a adaptação de Guel Arraes preserva esse espírito, mas o amplia com recursos visuais que remetem ao próprio fascínio de Lisbela pelo cinema, como os enquadramentos que lembram diferentes gêneros fílmicos e a montagem ágil que dialoga com a imaginação da protagonista. O filme também explora o choque entre tradição e liberdade, colocando Lisbela diante da escolha entre corresponder às expectativas familiares e seguir seus desejos mais íntimos. Além disso, a obra conta com o alívio cômico de personagens inesquecíveis, a dor de um ardente amor não correspondido e a fúria implacável de um assassino a sangue frio, contribuindo para criar oscilações entre gargalhadas e tensões sem precedentes.
Com atuações marcantes de Selton Mello e Débora Falabella, além de uma trilha sonora inesquecível que inclui composições de Caetano Veloso, Zé Ramalho e da banda Sepultura, Lisbela e o Prisioneiro consolidou-se como um dos filmes mais queridos do cinema brasileiro dos anos 2000. Sua mistura de romance, humor e cultura popular conquistou plateias de diferentes gerações, tornando-se referência quando se fala em comédia romântica nacional. Até hoje, a obra segue encantando o público com sua irreverência, musicalidade e delicada reflexão sobre o amor e a liberdade.

 

Thiago Freire Nascimento