SINDICATO DE LADRÕES
On the waterfront, EUA, 1954, Thriller/Drama, 108 minutos
Direção: Elia Kazan
Elenco: Marlon Brando, Karl Malden, Lee J. Cobb, Rod Steiger
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 anos (contém violência)
Áudio em inglês, com legendas em português
Na corrupta e violenta Nova Jersey dos anos 1950, o crime organizado se infiltrou no sindicato de estivadores que trabalham no porto da cidade de Hoboken. Ali, a máfia extorque os trabalhadores e os mantém sob um jugo implacável. Entre os vários criminosos locais, estão o ex-boxeador Terry Malloy, que anos antes havia abandonado uma carreira promissora no esporte. Terry desempenha um papel de pouca importância na máfia, mas o seu irmão, Charley, é o braço direito de Johnny, o chefão do sindicato. No entanto, o assassinato de um estivador, assim como uma paixão pela bela Edie Doyle, serão o gatilho para uma crise moral de Terry, que agora deve decidir com quem está a sua lealdade.
Produzido no auge da Guerra Fria e do macarthismo, o filme, considerado uma das obras-primas do cinema norte-americano, traz em seu interior diversas possibilidades de interpretação. Pode ser lido como um ensaio político em que o diretor, Elias Kazan, dialoga com os conflitos sociais de sua época, mas, principalmente, busca responder aos seus críticos (apenas dois anos antes do lançamento, Kazan tinha se envolvido em um imbróglio político que o isolou de muitas personalidades do cinema da época). Pode ser lido também como uma história de amor, onde a criminalidade e as tensões políticas nada mais são que elementos de fundo para uma narrativa mais importante. Uma outra chave de leitura possível é a da alegoria religiosa. O personagem Padre Barry, que luta para que os estivadores se organizem contra a máfia, além de inúmeras cenas que remetem a passagens dos Evangelhos, dão sentido e substância a essa interpretação.
Mas talvez, acima de tudo, o filme seja a história de uma consciência em crise, de dilemas morais que são inerentes à existência humana. A história de um homem que se vê forçado a enfrentar o seu passado e que, tendo decidido não ser leal a ninguém, senão à sua própria consciência, encontra a possibilidade de uma redenção derradeira.
Luan Augusto Machado de Lima