The Elephant Man, EUA/Reino Unido, 1980, Drama/Biografia, 124 minutos
Direção: David Lynch
Elenco: John Hurt, Anthony Hopkins, Anne Bancroft, Freddie Jones
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 10 anos
Contém: Procedimentos Médicos, Violência
Áudio original em inglês, com legendas em português
Na Inglaterra do século XIX, abundavam os infames circos dos horrores, locais que exibiam “raridades” biológicas, como seres
humanos com deficiências incomuns ou simplesmente características físicas singulares. Um desses circos ficava próximo ao
Hospital Real de Londres, onde trabalhava o cirurgião Frederick Treves. Durante uma visita do médico à exibição, o anúncio de uma
atração — o Homem Elefante — desperta a sua curiosidade. Após convencer o “dono” da atração a fazer para ele uma exibição
particular, Treves descobre que o Homem Elefante era um rapaz chamado John Merrick, cujo corpo era quase inteiramente cobertopor deformidades. O médico, acreditando que aquele homem não tinha virtualmente nenhuma capacidade cognitiva, o leva embora, com o objetivo de estudar a sua condição e apresentá-lo para a sociedade científica. Todavia, Treves iria descobrir que, por trás da aparência monstruosa, se ocultava um homem inteligente e sensível que, apesar de ter vivido uma vida de solidão e violência, alimentava as suas próprias ambições artísticas.
Baseado na vida de Joseph Merrick, o verdadeiro Homem Elefante, o filme lança um olhar sensível e compassivo sobre os seus
sofrimentos. O espectador conhece aos poucos as agruras que o rapaz havia enfrentado ao longo de sua vida, assim como os sentimentos que ele carregava em seu peito. Pequenos detalhes ilustram a sua vida emocional interior, como a foto da mãe que Merrick carrega consigo e a maquete detalhada que ele constrói de uma catedral. A narrativa, cheia de empatia, tem uma sutilsentimentalidade que, muitos críticos notariam, é bastante atípica na obra do diretor David Lynch, mais conhecido pelo surrealismo de seus filmes.
Contudo, o longa-metragem não pode ser reduzido a uma simples história sentimental. Temas profundos sobre a condição humana
são abordados com maestria por Lynch: a solidão, a dificuldade humana de se lidar com a alteridade, o lugar das pessoas
deficientes em nossa sociedade. Embora os circos dos horrores sejam uma coisa do passado na maior parte do mundo, o filme
levanta questões que, ainda hoje, são fundamentais para nós nos entendermos enquanto sociedade.
Luan Augusto Machado de Lima