CONTO DE VERÃO
Conte d’été, França, 1996, Drama, 113 minutos
Direção: Éric Rohmer
Elenco: Melvil Poupaud, Amanda Langlet, Gwenaëlle Simon, Aurelia Nolin
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 anos (contém nudez e drogas lícitas)
Áudio em francês, com legendas em português

Cenas que abordam o cotidiano – às vezes no sentido mais supérfluo da palavra – ganharam um novo tom com o Nouvelle Vague, movimento do cinema francês na década de 60, em um mundo pós-guerra. Trazendo um retrato profundo de seus personagens, chegando até os seus arcabouços psicológicos e com uma montagem inovadora e criativa – apesar de baixos orçamentos -, o movimento foi marcado por diretores como François Truffaut, Jean-Luc Godard, Alain Resnais e Éric Rohmer, onde o último é conhecido por seus longos diálogos filosóficos e muito marcado pelos seus Contos das Quatro Estações, destacando-se o Conto de Verão, lançado em 1996.

Na trama, acompanhamos Gaspard, um jovem que está tirando férias em Dinard, uma bela cidade litorânea na região da Bretanha. A princípio, ele havia marcado de se encontrar com sua “namorada” – de uma relação pouco consolidada, aparentemente –, que não aparece de imediato. Assim, em seu primeiro dia de férias, ele conhece Margot, uma simpática garçonete e etnóloga, com quem desenvolve uma forte amizade durante seus passeios na praia.

Durante as longas conversas entre Gaspard e Margot, conhecemos bem o tom do filme, onde o diretor Éric Rohmer busca trazer discussões entre os personagens de cunho filosófico, adentrando em discussões sobre a existência, a solidão, e, é claro, sobre o amor. Os dois personagens parecem oscilar entre o sentimento de desejar e não desejar um ao outro, falam do amor que sentem por outras pessoas – principalmente Gaspard, que sofre por um amor talvez não correspondido. Ocorre, porém, que surge outra garota na história, Solène, uma pessoa direta, e quase que impulsiva, que rapidamente desenvolve uma relação com Gaspard, indo além de uma inocente amizade.

A história parece previsível, os personagens parecem previsíveis, mas ainda assim, vemos relações complexas sendo tecidas, que acabam se tornando o que já bem conhecemos: uma relação entre um ser humano e outro; algo tão complexo quanto se pode imaginar. Toda a narrativa é construída em cima de acontecimentos simples, cenários simples e uma premissa simples. Porém, nas conversas, ou seja, na fala, encontramos a verdadeira história contada.

Igor S. Santos

 

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