The Color Purple Humans , EUA, Drama, 1985, 154 minutos
Direção: Steven Spielberg
Elenco: Whoopi Goldberg, Danny Glover, Margaret Avery, Oprah Winfrey
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: A14
Contém: Conteúdo Psicológico, Violência, Violência Sexual
Áudio original em inglês, com legendas em português

As irmãs Celie e Nettie encontram, no afeto entre elas, nas brincadeiras infantis, um pequeno universo de doçura em que conseguem escapar da violência ao redor. É o começo do século XX, e a segregação racial — por meio das leis Jim Crow — imperava sobre o sul dos Estados Unidos. Desde cedo, as duas se deparam com um mundo que as marginaliza por causa de sua raça. Além disso, crescem sob o peso da brutalidade patriarcal, representado, num primeiro momento, pelo pai abusivo, e depois pela figura do Sinhô, marido de Celie. Quando Nettie resiste a uma tentativa de estupro por parte do Sinhô, é expulsa de casa. Isolada da irmã, Celie precisa agora sobreviver só frente à própria desumanização. Apenas anos mais tarde, a presença da voluntariosa Sofia e da bela Shug irão trazer, ao cotidiano dela, a proximidade com outras mulheres, e, por conseguinte, novas possibilidade de resistência. Mas em nenhum momento Celie deixa de sonhar em reencontrar Nettie, perguntando-se sempre onde estará a irmã — se é que ela está viva — e por que ela nunca lhe escreveu.
Baseado num romance da escritora feminista Alice Walker — o primeiro livro de uma mulher preta a receber o Prêmio Pulitzer —, o filme é um retrato das condições de vida das mulheres negras na Geórgia rural de cem anos atrás. A obra apresenta os múltiplos modos pelos quais a violência se infiltra na vida delas e as distintas marcas psicológicas que deixa sobre cada uma. Por exemplo, o trauma faz de Celie uma pessoa apática frente às agressões que sofre, enquanto Sofia constrói uma resistência que é, em si mesma, violenta em diversos momentos. A despeito das reações iniciais diferentes, elas encontram, em conjunto, formas novas de lutar.
O longa trouxe as estreantes (e então desconhecidas) Whoopi Goldberg e Oprah Winfrey. Sobre a performance de Goldberg, o crítico Roger Ebert escreveu, numa resenha da época, que aquela era uma das estreias mais impressionantes da história do cinema. Por meio de suas personagens femininas, o filme oferece subsídios para uma discussão sobre como o racismo e o machismo impregnam a vida de mulheres negras, seja nos EUA do século XX, seja no Brasil de 2025.

Luan Augusto Machado de Lima

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