Brasil, 2002, Drama, 130 minutos
Direção: Fernando Meirelles
Elenco: Alexandre Rodrigues, Leandro Firmino, Alice Braga
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 16 ANOS
Contém: Violência Extrema, Drogas Ilícitas
Áudio original em português
Comemorando recentemente seu aniversário de vinte anos, Cidade de Deus é facilmente umas das mais influentes obras audiovisuais brasileiras já produzidas, o segundo filme “estrangeiro” mais assistido no mundo e uma experiência que permanece impactante e moderna até os dias atuais, mesmo talvez só realmente compreendida na língua original.
O filme é inovador desde a essência, contendo jogos de câmera magníficos, que inspiraram, e ainda inspira, grandes diretores. As atuações realistas são elevadas a um nível dramático pelo trabalho fotográfico, e mesmo as cenas mais difíceis de se assistir continuam sendo um deleite visual que dificulta tirar os olhos da tela. Um daqueles filmes que é impossível de ignorar o trabalho técnico além do texto: as atuações, o acompanhamento musical, ângulos e composições de cena que poderiam ser classificados como experimentais mesmo tanto tempo depois.
Da mesma forma que a fotografia desafia os padrões esperado, o próprio texto parece transcender gênero, sendo por horas cômico, trágico, tenso, contado quase como um épico. Não em vão, ele é dividido em capítulos. Uma hiperbiografia brasileira que por vezes não faz distinção entre o pessoal e social, enquanto acompanhamos a história de Buscapé no caminho do bem e o desenvolvimento da comunidade, Cidade de Deus, que deu nome ao filme.
É fácil mal caracterizar esse filme com uma tragédia sobre violência e opressão, de fato por muitos críticos internacionais ele foi assim reduzido. Em realidade, Cidade de Deus é uma história sobre possibilidades de afeto mesmo em um cenário hostil, sobre o emaranhado complexo das relações humanas. A realidade, contada como fantástica.
Vinícius Marcatti