A GRANDE ILUSÃO
La Grande Illusion, França, 1937, Drama, 114 minutos
Direção: Jean Renoir
Elenco: Jean Gabin, Dita Parlo, Pierre Fresnay, Marcel Dalio, Eric von Stroheim
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 12 (contém violência)
Áudio em francês, alemão e inglês, com legendas em português
Numa Europa devastada pela Primeira Guerra Mundial, alguns oficiais franceses são capturados pelo Exército Alemão. Isso não impede que, nos campos de prisioneiros, com o terror e a desolação do conflito a pairar sobre suas cabeças, eles tentem, dentro de suas limitadas possibilidades, reconstruir um mínimo de normalidade em suas vidas: divertem-se entre si, entregam-se à dança, à música e ao teatro, conversam sobre a arte, recordam suas vidas antes da guerra – e, acima de tudo, sonham com a liberdade.
Este é o ponto de partida de A Grande Ilusão (1937), de Jean Renoir, um dos diretores mais influentes da história do cinema. Fortemente baseado nas experiências do cineasta como piloto na Primeira Guerra Mundial, o filme usa o conflito armado como pano de fundo para elaborar um sofisticado estudo psicológico e sociológico do ser humano. Lançado às vésperas da Segunda Guerra Mundial, e em meio à ascensão do fascismo e do antissemitismo na Europa, a obra não se furta de examinar e criticar as condições que permitiriam, poucos anos depois, os horrores de uma nova guerra, ainda maior que a anterior. Ao mesmo tempo, Renoir, com um olhar profundamente humano sobre todos os seus personagens, de todas as nacionalidades e classes, mostra como, mesmo na situação mais extrema, persistem, de um lado, o companheirismo e o ímpeto singularmente humano de sonhar, e de outro, o preconceito e a divisão de classes.
Dessa forma, o amor, a decadência da aristocracia, o senso de dever, a solidariedade, os males da guerra, são alguns dos temas a partir dos quais o diretor constrói, com grande maestria, um retrato poético e atemporal da condição humana.
Luan Augusto Machado de Lima