I, Tonya, EUA, 2017, Drama/Comédia, 117 minutos
Direção: Craig Gillespie
Elenco: Margot Robbie, Sebastian Stan, Allison Janney
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 ANOS
Contém: Drogas, Violência, Linguagem Imprópria
Áudio original em inglês, legendas em português
Algumas vezes a realidade é mais estranha que a ficção, e o filme Eu, Tonya, que conta a biografia da polêmica patinadora Tonya Harding, parece ser um argumento em favor dessa afirmação. Narrado como se fosse a história de uma história, o filme ocorre em dois planos: uma entrevista com os personagens principais, e a atuação dos eventos sendo contados por eles. Essa decisão narrativa genial do diretor Craig Gillespie dá um ar cômico que se encaixa perfeitamente nos absurdos dessa trama, o conto de uma patinadora maluca disposta a quebrar as pernas de seus concorrentes, literalmente.
Assim como os outros filmes desse mês, há também presente a temática de dedicação artística e autodestruição, porém aqui essa relação é muito mais externa do que interna. A personagem principal é pressionada por sua mãe a níveis absurdos, sua dedicação pelo esporte parte mais da necessidade de ser amada do que da paixão pela arte em si. De forma similar, o “grande incidente” leva a destruição de pessoas a sua volta e até certo ponto ocorre por influência de outros. A relação, agora, parte de fora para dentro.
Além disso, o filme levanta um olhar muito refrescante na personagem de Tonya, interpretada fenomenalmente por Margot Robbie. Com certeza não se trata de uma história de redenção, mas diferente de como era retratada pela mídia na época, a personagem aqui é muito mais complexa e multifacetada. É difícil pontuar essa interpretação como mais realista. Realidade e ficção em si parece ser um tema recorrente no filme, cenas silenciosas muito sinceras são acompanhadas de cenas cômicas exageradas com músicas populares, e a própria temática de patinação, dito pelas próprias palavras de um seus juris, “nunca foi só sobre patinação, e sim sobre a imagem que queremos passar”. É difícil pontuar esse filme como a grande verdade, como Tonya mesmo diz, cada um tem sua verdade, essa é a dela.
Vinícius Marcatti