Hiroshima mon amour, Japão/França, 1959, Drama/Romance, 90 minutos
Direção: Alain Resnais
Elenco: Emmanuelle Riva, Eiji Okada, Stella Dassas, Pierre Barbaud
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 12 ANOS
Contém: Violência, Conteúdo Sexual, Drogas Lícitas
Áudio original em francês, legendas em português
Sendo um dos mais influentes filmes do movimento nouvelle vague, e um enorme marco do cinema francês como um todo, Hiroshima, Meu Amor é um filme cuja sensibilidade e complexidade são difíceis de descrever em poucas palavras.
Resumindo de forma grosseira, o filme conta a história de uma atriz francesa que se apaixona por um arquiteto japonês em sua viagem para Hiroshima, porém encontra-se em conflito quanto aos sentimentos desenvolvidos por esse rapaz e seu retorno à França em vinte e quatro horas. Em escala maior o filme é sobre as feridas da guerra, a forma como a história e traumas dos personagens moldam seu presente e suas relações atuais, e, acima de tudo, sobre esquecimento, a preservação da memória e a necessidade de esquecer para habitar em um mundo “respirável”.
O roteiro do filme, escrito por Marguerite Duras, é um poema, aclamado por muitos como um casamento perfeito entre literatura e cinema. A dinâmica de fala entre as personagens, acompanha a fotografia criativa e inovadora do filme que nos leva a um fluxo de memória e constantemente força o contraste entre belo e grotesco. É genial, e evidente logo nos primeiros minutos do filme com o monólogo arrepiante da dupla principal sobre o hospital, o museu, os metais retorcidos, as memórias que restaram de Hiroshima.
A narrativa traz um estudo de personagem tão forte que amplia-se a ponto de tratar de seus conflitos individuais ao mesmo tempo que trata dos conflitos políticos e históricos que estão inseridos. Em uma hora e meia, o filme consegue trazer vida a personagens altamente complexos.
Apesar de tratar de uma película pretensiosa demais para alguns públicos, em opinião pessoal, Hiroshima, Meu Amor é genuinamente um dos mais sensíveis filmes que já vi em muito tempo, que me fez segurar o fôlego do início ao fim, afinal, “como eu poderia imaginar que essa cidade foi feita para o amor? ”.
Vinícius Marcatti