Sunrise – A Song of Two Humans , EUA, Romance, 1927, 95 minutos
Direção: F. W. Mumau
Elenco: Janet Gaynor, George O’Brien, Margaret Livingston
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: Livre
Áudio original em inglês, com legendas em português

Filmado na era dos filmes mudos e com trilhas orquestrais, Aurora conta uma história baseada no romance Viagem a Tilsit, do escritor alemão Herrman Suderman. O filme é uma prova de que as emoções mais fortes, como o amor, a traição e o perdão, podem ser transmitidas de forma poderosa apenas através de imagens, gestos e expressões, conectando-se com o público de qualquer época.
A história é simples, dado o tempo em que o filme foi feito. Acompanhamos um casal que vive uma vida tranquila no campo. A paz deles é abalada quando uma mulher sofisticada da cidade chega e seduz o marido com promessas de uma vida de luxo e aventura. A partir desse ponto, o filme mergulha no conflito interno do homem, que se vê dividido entre seu amor pela esposa e a tentação de uma nova vida. O foco principal não está nos acontecimentos, mas na jornada emocional do casal para superar essa crise.
O que torna Aurora especial é a maneira como o diretor usa a câmera e os cenários para mostrar o que os personagens estão sentindo. A movimentação da câmera e o uso do preto e branco nos cenários são fundamentais para a expressividade do filme. O contraste entre os ambientes também é muito importante: o campo é mostrado como um lugar calmo e seguro, enquanto a cidade é retratada como um lugar caótico, barulhento e cheio de luzes, refletindo a confusão mental do protagonista.
As atuações são outro ponto fundamental. Sem poder usar a voz, os atores George O’Brien e Janet Gaynor transmitem tudo através do olhar e da linguagem corporal. É possível ver a dor da esposa e o arrependimento do marido em cada gesto, em uma demonstração da força da atuação no cinema mudo.
Mesmo sendo um filme antigo, a influência de Aurora no cinema é enorme e duradoura. A forma inovadora como Murnau contou a história visualmente serviu de inspiração para incontáveis cineastas que vieram depois. O jeito de usar luz e sombra para criar suspense e mostrar a angústia dos personagens, por exemplo, foi uma técnica que se tornou muito comum em filmes de crime e mistério anos mais tarde. Além disso, a maneira sensível e poética de retratar um relacionamento amoroso influenciou muitos dramas e romances.
O filme é considerado de suma importância para a sétima arte para muitos, o que fica explicito por ser considerado o sétimo maior filme da história do cinema pelo British Film Institute. e mostra que, o que poderia se considerar uma limitação ou algo importuno se mostrou a chave da expressividade do diretor que foi responsável por obras como Nosferatu, outro filme que faz muito uso do jogo de luz e sombra

Vitor Augusto Andrade

Confira aqui o trailer