Toda Arte possui dois momentos essenciais para poder acontecer: o momento de ser criada e o de ser consumida. Mas toda Arte precisa superar barreiras para atingir esses momentos. É assim com a Literatura: ela só acontece porque não-escritores se tornam escritores e não-leitores se tornam leitores. Mas onde estão essas barreiras? E em que altura se encontram a ponto de tornarem tão distante a Literatura e tão difícil a formação de novos escritores e novos leitores? A pergunta mais importante: como reduzir essas barreiras e facilitar o acesso à Literatura, torná-la algo próximo e capaz de realizar todo o seu potencial cultural, educacional e transformador? O que se pergunta para o caso da Literatura é perfeitamente análogo às outras modalidades artísticas.

Na palestra, o que será contado é a história de como o livro MicroMetaFísica quase não se tornou realidade. Através dessa história, o que se quer é mostrar alguns aspectos da barreira que distancia as pessoas da Literatura, particularmente os aspectos que o autor de MicroMetaFísica teve que contornar para ver seu livro ganhar vida. Também ao contar mais sobre as escolhas tomadas na elaboração e publicação de um livro de microcontos, pretende-se explorar algumas ideias de como é possível pensar uma Literatura que se proponha a reduzir as barreiras de entrada ao universo dos livros; que seja incentivo tanto à leitura quanto à escrita.

O ponto crucial que deu impulso ao projeto do livro MicroMetaFísica foi a proximidade da Arte que mora ao lado, isto é, a proximidade de outras pessoas que já estavam vivendo o mundo do livro. Ao nos vermos em meio a tantos artistas talentosos, tendemos a perguntar se a Arte também é possível para nós, e tendemos a descobrir que o acesso a ela é muito mais simples que o imaginado previamente. Assim, a Arte que mora ao lado ganha esta força propulsora capaz de incentivar a geração e o consumo de mais Arte. Enfim, a Arte que mora ao lado tem esse poder de aproximar a produção e o consumo de Arte e Cultura da realidade das pessoas.

Depois de explicitar o protagonismo que a Arte que mora ao lado teve no processo que permitiu a existência do livro MicroMetaFísica, bem como mostrar as próprias maneiras que este livro propõe para fazer-se uma arte mais próxima, convidativa e provocativa à leitura e à escrita, pretende-se abrir a discussão do tema para o público, e especialmente dar voz para que as pessoas presentes ligadas à literatura, à educação e a outras artes possam falar e contribuir para o debate.

Texto: palestrante e autor José Augusto Santos